DEUS É FIEL

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Em Espírito e em Verdade

Construir um ministério consistente, baseado na Palavra de Deus e nos princípios que norteiam a fé no Evangelho é uma tarefa que exige um profundo comprometimento com a obra de Cristo. Embora uma parte da nova geração de cristãos que povoam as igrejas saiba pouco ou nada sobre o autor de cânticos como “Jesus em tua presença”, “Minh’alma engrandece ao Senhor”, “Superabundante graça”, “Deus é fiel” e tantas outras músicas que compõem o repertório de inúmeros ministérios de louvor, Asaph Borba é a prova de que Deus está disposto a trazer uma constante renovação espiritual sobre seus filhos amados.
Por quase três décadas, Asaph Borba tem abençoado o Corpo de Cristo através do louvor. Um pouco deslocado do círculo das grandes gravadoras evangélicas, Asaph tem ministrado a visão de adoração através da música no Brasil e no exterior. Membro da Comunidade Cristã de Porto Alegre (RS), onde se converteu ao Evangelho ainda na década de 1970, sua gravadora, a Life Produção e Gravação, já lançou, nesse período, 55 trabalhos próprios, em oito nações, e já co-produziu cerca de 350 discos para o Reino de Deus. O ministério está presente em mais de 30 nações. A seguir, confira a entrevista concedida a Revista VM:
Considerando sua experiência de longa data no serviço à Igreja, quais são os pontos positivos e negativos possíveis de se destacar na adoração nos dias de hoje?
— O principal ponto é o crescimento em número e diversidade, de norte a sul e de leste a oeste há um grande mover de adoração, alegria e renovação que se reflete na vida da Igreja. O ponto negativo é, sem dúvida, colocar carisma a frente do caráter, principalmente no ministério de adoração. Vê-se muito o carisma e pouco a vida e o caráter, e isto tem tirado um pouco da profundidade dos ministérios. Friso também como ponto positivo a grande quantidade de músicas de louvor e adoração que tem enchido nossa terra.

Dos anos 80 para cá, houve uma conquista do louvor genuinamente brasileiro com você, VPC, Adhemar de Campos, João Alexandre e outros nomes. Na sua opinião, qual é a perspectiva para o futuro? Há espaço para um louvor genuinamente brasileiro?
— Eu creio que em tudo na vida da Igreja hoje há uma grande fusão de estilos de vida, ministérios etc. Pessoalmente, estou enlaçado com Integrity, CanZion; viajando com Massao Sugihara, David Quilan, Antônio Cirilo; tenho estado com Diante do Trono e ministrando pelo Brasil e mundo afora de mãos dadas com outros ministérios; e estou dando esta entrevista para a Vineyard Music, ministério que admiro. Creio que é a hora da mistura total e global. A influência hoje é do Espírito Santo se movendo em toda a Terra.

Para os dias de hoje, o que você destacaria como qualidades essenciais do adorador?
— Para mim, o caráter de Jesus deve ser a tônica de um adorador que passa, entre outros aspectos, pelo amor e a humildade, pois sem isto, estaremos fora do propósito de Deus que é ter uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus. O carisma na área musical vem em segundo plano.

A música sempre esteve ligada à atividade da adoração, muito embora se insista em separar uma coisa da outra. Essa ligação profunda existe de fato ou isso não passa de uma ilusão?
— A música para mim sempre foi uma ferramenta de expressão, mas não é o centro da minha adoração, pois a essência e o centro é Cristo. E, por isso, a nossa música tem que nos conduzir para Jesus. Muito do que chamam de adoração hoje tem a música como centro. E em muitos ministérios, se a música acaba, pouco resta por que ela está centralizada em si mesma. Quando Deus quer que tudo em nós se volte para Ele, não precisamos tirar ou separar a música daquilo que somos, temos apenas que colocá-la no lugar certo.

Como você encara esse movimento da dança, outrora amplamente utilizada no evangelismo de rua, mas que agora assume papel na adoração, dentro das igrejas?
— Assim como a música, a dança é outra expressão e ferramenta para adorarmos a Deus. O salmo 150 fala: “louvai ao Senhor com danças”. Não tiramos de outro lugar esta idéia, mas sim da Bíblia. A dança é uma expressão de movimento, e movimento é vida e “tudo que tem vida louve ao Senhor”.
Você tem observado a conciliação entre o crescente mercado de música cristã e a adoração? Quais são os limites dessa relação?
— O limite de todas as coisas deve ser a integridade e o amor puro de Jesus, pois sem estes ingredientes o mercado é igual ou pior que o secular, que por sinal tem se mostrado em muitos pontos mais íntegro que o evangélico. Por exemplo, dificilmente alguém grava e vende uma música, ou faz uma versão sem autorização no mercado secular. Já na Igreja, a questão dos direitos autorais não funciona muito bem. Todo mundo grava à revelia de quem compôs a música. Sabemos que essa questão dos direitos na Igreja é um assunto polêmico, mas devemos honrar quem compõe, pois a Palavra de Deus diz: “a quem honra, honra”.

O ministério de louvor sempre teve uma posição importante nas igrejas. Como você vê isso?
— Pessoalmente, investi na multiplicação deste processo, pois de nosso estúdio já saíram mais de 400 gravações para outros ministérios. E continuamos crendo que a vida está no corpo da Igreja e será cada vez maior este borbulhar de música e adoração por todo lado. Eu lembro que quando começamos, eram poucas as composições dentro das Igrejas, mas graças a Deus isto mudou e hoje em nossa terra somos milhares de homens e mulheres que estão compondo um novo cântico ao Senhor.

Como produtor e dono de um selo de música evangélica, qual é a sua opinião sobre o futuro do CD, com a popularização e a distribuição de música digital via internet e o crescimento da pirataria?
— Deus está vendo e controlando tudo. Eu sou do tempo do LP e da fita cassete, e sempre houve pirataria. Então, o que é de Deus permanecerá nas outras formas de mídia. Desde os escritores da Bíblia até hoje o assunto está nas mãos do Pai. A continuidade de um projeto de Deus não está no tipo de mídia em que será divulgado, mas sim em Deus. Eu creio que está chegando a hora de uma mudança radical no mercado. Quem produz, compõe e grava apenas com o objetivo de vender vai sofrer. Mas quem o faz para abençoar continuará fazendo.

Atualmente, qual é a mensagem que você tem levado nas conferências de louvor e adoração em que tem participado?
— Minha mensagem nunca mudou. Falo sempre do propósito de Deus e da centralidade do Evangelho do Reino como Jesus pregava. Tenho falado muito sobre santidade e adoração como um estilo de vida. “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito em verdade, pois são estes que o Pai procura para seus adoradores” (Jo 4:23). Essa passagem fala de espírito e de verdade; adoração é fruto de um mover do Espírito em nosso espírito, em conjunto com a verdade que habita em nós, que faz gerar a verdadeira adoração.

Você já conhecia a VM?
— Desde o princípio da Vineyard Music nos EUA eu a conheço como fonte de louvor e adoração e sei que Deus trabalha com seus ministros por “turnos” (1Cr. 25:8). Sei também que  Deus tem levantado este ministerio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário