DEUS É FIEL

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Jesus e os discípulos a caminho de Emaús


 "Jesus, fica conosco." Lc 24:29



"E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem." Lucas 24:13- 16.  Clique para ler todo capítulo


Emaús atualmente é uma cidade  de localização incerta. Seu nome significa “riacho quente” e alguns arqueólogos a identificam com Qubeibeh, cerca de 11 km a noroeste de Jerusalém. Quando os Cruzados chegaram nesta localidade em 1099, encontraram ali um forte do período romano denominado Castellum Emaús. Conhecer a localização da cidade de Emaús é importante, porém, não conhecê-la não abala a veracidade dos fatos ali ocorridos. O que está escrito, é lição para todos os tempos, lugares e circunstâncias. Digamos que Emaús seja mesmo esse território desconhecido e misterioso para a arqueologia, como misterioso e incerto é o terreno do nosso coração. Emaús faz todo sentido para quem quer ouvir Jesus, seguir seus ensinamentos e ser salvo para eternidade.


Eles não reconheceram Jesus

Jesus havia ressuscitado e a cidade de Jerusalém estava em alvoroço ainda por ocasião da crucificação. O Messianismo de Jesus estava sendo questionado por conta de Sua crucificação e morte. A esperança de um libertador para Israel, havia sido frustada, o que fazer? A caminho de Emaús, Cléopas discutia justamente isso com um companheiro quando Jesus se aproxima e pergunta: “Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? Eles pararam entristecidos”  e um tanto aborrecidos pela “desinformação” do “desconhecido” retrucam: “És o Único que não sabes o que está acontecendo nessa região, mataram Jesus, varão poderoso em obras e em palavras”. (24:17-19).

O que mais chama atenção no texto é o fato deles , sendo discípulos de Jesus, tendo convivido com Ele, não O reconhecerem. Por que isso acontece? Voltando


ao inicio do relato, logo no verso 16, lemos: “seus olhos estavam como que impedidos de O reconhecer”.  Diríamos: “não o reconheceram porque ainda não era o momento certo, não era da vontade de Deus, de outra forma, por que vedar-lhes os olhos?”. Mas esse aspecto do texto, merece mais aprofundamento e conferindo Evangelho por Evangelho, toda narrativa pós ressurreição de Jesus, encontraremos explicação sobre Jesus e os discípulos em Emáus, lá no livro de Marcos 16:12-13:

“Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. E indo eles, anunciaram aos demais, mas também a estes não deram crédito”.

Os dois homens, de caminho para o campo, eram os dois discípulos a caminho de Emaús. Jesus apareceu para eles em   aparência diferente da que havia vivido e morrido. Ele era o Jesus ressuscitado e para que se cumpra em nós os mesmos sinais que se cumpriram em Cristo, convém que os que ressuscitam, tenham um novo corpo de glória. Filipenses 3:21:” O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do poder que Ele tem de subordinar a Si todas as coisas.” Em I Cor 15:35, se lê que “o corpo seja semeado em corrupção, ressuscitado em incorrupção. Semeado em desonra, ressuscitado em glória. Semeado em fraqueza, ressuscitado em poder. Semeado corpo natural, ressuscitado corpo espiritual”.


Jesus agora tinha um corpo de glória. A aparência cansada, sofrida e ferida, do servo humilhado Is 53:2, já não se via. Agora ele era corpo espiritual, tanto que agora poderia facilmente atravessar paredes e portas fechadas, Aparecer e desaparecer em qualquer ambiente de forma miraculosa, João 20:19: “Ao cair daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas de casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: paz seja convosco”. Era também o primeiro dia da semana, pós ressurreição, o mesmo dia em que apareceu no caminho de Emaús. Ele entrou no recinto onde os discípulos estavam reunidos à portas trancadas. Ele não bateu na porta, tocou a campainha, saltou janela ou coisa parecida, Ele atravessou as paredes. Para que se cumprisse o que há cerca da ressurreição está escrito.

Nesse mesmo dia, Jesus também aparece a Maria Madalena. Ela estava chorando próximo ao túmulo Jo 20:15 “Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela pensando ser o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se disse Raboni! Que quer dizer meste”. Madalena, demorou um pouco a discernir quem era. Porém, tanto ela como os discípulos de Emaús, em dado momento não têm mais dúvida de que o que lhes fala é Jesus.


O diálogo em Emaús.





Por que eles demoram tanto a reconhecer Jesus? Porque estavam preocupados, aflitos, descrentes, amedrontados. A crucificação havia acabado com a fé deles. A esperança do Messias Salvador, tinha se esvaído, como fumaça. Eles foram capazes de descrever para Jesus todos os últimos acontecimentos de Jerusalém, da conversa sobre ressurreição, mas o coração estava endurecido. Para eles, tudo já não passava de uma fábula, um engano. Se Jesus fosse mesmo o Messias teria triunfado em vida, sobre a morte. E Jesus repreende os dois: “ Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Por ventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E Jesus lhes contou sobre as Escrituras” Lc 24:25-27.

E o coração dos dois começa a arder pela autoridade de Jesus, pela verdade da Palavra: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.  Hebreus 4:12

O Convite: fica conosco

E os dois discípulos a caminho de Emaús, enfim acalmam os ânimos, descansam os corações, sentem paz e segurança. Convidam Jesus: “Fica conosco” Lc 24:29. E quando estavam à mesa , Jesus abençoa o pão e divide com eles, então, os olhos dos dois são abertos. É interessante, que apesar de ter um novo corpo, Jesus ressuscitou conservando as marcas da crucificação. Ele as mostrou para Tomé em João 20:26. Para os discípulos reunidos em Jerusalém. João 20:20. Para os discípulos em Emaús no partir do pão e para tantas outras pessoas com quem esteve nos 40 dias que ficou ainda na terra como ressuscitado Atos 1:3.

Lições a caminho de Emaús


Ansiedade gera incredulidade e vice-versa. Quando estamos nesse estado, é impossível enxergarmos a presença de Jesus, acreditarmos em Sua providência. Os discípulos mesmo mantendo diálogo com Jesus, não O reconheceram. Apenas quanto ouviram a Palavra e viram as marcas da crucificação. Mas foi no ouvir da Palavra que os corações foram transformados. Não há outra maneira de se  alcançar a Salvação a não ser crendo na Palavra de Deus que é o Próprio Jesus. Ele é o Único e verdadeiro caminho que conduz a eternidade com Deus; João 14:6.  E essa Salvação, não apenas pós morte, é a algo que acontece bem aqui nesse mundo. Veja, um dos sentidos da Palavra Salvação na Bíblia é “marpe” (dicionário Strong 14832) = restauração de saúde, remédio, cura, medicação, tranquilidade. Marpe, vem de Rapha , verbo curar, sarar, restaurar. Jesus é nossa cura completa, do corpo e do espírito, para séculos sem fim, amém!


É possível que muitos de nós, mesmo tendo um diálogo com Jesus, não O reconheça. Isso é assustador, mas acontece. Foi o caso daquele jovem rico, descrito em Marcos 10: 17-22. Ele ouviu Jesus, mas se negou a segui-Lo porque o coração era avarento. O amor às riquezas era maior que o amor por Jesus. Triste. Os discípulos em Emaús, ouviram a Jesus e disseram: “Fica conosco”. Eles convidaram Jesus a cear não apenas à mesa deles, mas a fazer morada em seus corações. Essa é escolha que Deus quer de nós, que convidemos Jesus a morar em nós. E o mais incrível de tudo isso é: Ele não rejeita  um convite desses. Ele nunca diz: não vou, não posso, fica para outro dia, esqueça, jamais!. Ele pode aparecer em qualquer lugar , nas mais adversas circunstâncias. Apareceu para Paulo a caminho de Damasco Atos 9:3-6. Para Pedro na praia. Para Zaqueu embaixo de uma figueira Lucas 19:1-7. Onde você estiver Ele vai ao seu encontro. Ele não resiste a um coração humilde e cheio de fé.

Os salvos ressuscitarão em corpo de glória. Nosso corpo abatido será transformado. Deus nos dará um novo nome (Apocalipse 3:12) e uma corpo que não poderá ser corrompido (I Cor 15:35)

Que esse encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, seja como lição para alcançar os perdidos em preocupações, ansiedades, aflições e incredulidade. Que “no partir do Pão”, almas sejam saciadas pelo Pão da vida que é Jesus. Que Jesus de nossos lábios ouça o convite: “Fica conosco amado Mestre, precisamos de Ti que é nosso Bálsamo.”

Em O Nome do que Ressuscitou e é a nossa paz: Jesus.

Jesus e o Jovem Rico



Jesus ia pelo caminho das aldeias, rodeado de pessoas, como de costume, quando um jovem apressadamente se ajoelha diante dEle: “Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Mc 10:17.  Esta poderia ser a forma perfeita de culto: Prostra-se diante do Mestre, indagando-O sobre a vida eterna, chamando-O de bom. Um homem rico, bem trajado, sujando as vestes na terra e humilhando-se diante de muitas pessoas, quem não o julgaria santo?  Respondeu Jesus: “Tu sabes o mandamento: Não adulterarás; não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás alguém, honra teu pai e tua mãe” 10:19

E o jovem como querendo se justificar replica: "Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade!"10:20.   As pessoas presentes, devem ter se impressionado com o jovem. Ele era mais digno que todos os demais que estavam ali em busca do perdão dos pecados.  Ele não tinha pecados!  Mas o Reino dos céus não vem com aparência exterior Lc 17:20. Jesus conhecia o “ponto fraco” do rapaz, e falou-lhe o que precisava ouvir e não o que queria ouvir:“Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a tua cruz e segue-me. Mas ele pesaroso desta palavra, retirou-se triste porque possuía muitas propriedades” Mc 10:21-22.

Aquele homem era idolatra, avareza era seu mal, dinheiro seu deus. Ele preferiu seguir sem Jesus, a abrir mão de tudo. E o que mais mexe comigo, nesta narrativa é o verso: “E Jesus, olhando para ele o amou”Mc 10:21. Apesar de toda miséria, rebeldia, e impureza que havia naquela vida: Jesus amava. Muitas vezes não conseguimos distinguir entre pecador e pecado e passamos a abominar as pessoas em virtude do que fazem, ou deixam de fazer. Tudo porque falta-nos amor, este dom precioso que capacita o coração a ir além das aparências, acolher as virtudes e transformar os vícios.

E quando o jovem sai de cena, ficam só Jesus e os discípulos. O clima era de velório, porque a perfeição do amor de Jesus, não foi capaz de alcançar aquela vida aprisionada ao mundo. O coração do jovem estava endurecido, impenetrável: “Então Jesus olhando em redor, disse aos discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que possuem riquezas” Mc 10:23 e os que se deixam possuir por elas. Ser rico, não era o problema, mas sim ser avarento (I Tm 6:10)

Outro aspecto que me chama atenção é que na ausência do jovem, Jesus ali mesmo, diz aos discípulos: “Em verdade vos digo que ninguém haja que tenha deixado tudo, por amor de mim e do Evangelho, que não receba cem vezes mais, já neste tempo e no século futuro a vida eterna.” Mc 10:29, 30. Jesus não fala isto para o jovem! Ele não diz: Vem, segue-me, renuncia a tudo que tens e serás milionário e salvo! Jesus não apresentou as facilidades, mas a cruz! “A melhor parte” da história não foi revelada ao jovem, mas ele descobriria se decidisse seguir Jesus. Sim, os que aceitam a cruz, recebem as dádivas. Esta é a ordem do Reino (Mt 6:33).

O grave problema do cristianismo hoje é apresentar o inverso: Vem para Cristo e receberás riquezas, ou dê-me as riquezas e receberás o Reino. Não! Jesus disse: Vem, toma a tua cruz e segue-me. Mc 10: 21.


A Insuficiência das Obras Para a Salvação Ef 2:8

O jovem que foi ao encontro de Jesus, era um religioso. Ele seguia “mandamento sobre mandamento, regra sobre regra” Is 28:13 a fim de sentir-se salvo, mas era infeliz. Algo estava errado, e tinha a ver com seu orgulho. Ele precisava entregar o coração, Jesus não invade esse terreno, Ele aceita alegremente o convite de habitar nele: “Dá-me filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos” PV 23:26. O jovem não entregou o coração e errou o caminho do céu. Ele encontrou Jesus no caminho, mas ignorou a grandeza do encontro.

Que Deus nos ajude a estarmos prostrados diante dEle em temor e tremor, em plena certeza de que Sua presença é o bem mais precioso, o único e imutável tesouro. Que em nossos corações não haja reservas, pecados não confessados, mas que haja entrega, gratidão: “Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cântico diante de vós...E o senhor te guiará continuamente , como um manancial cujas águas nunca faltam” Is 55:12 e 58:11. Ter um encontro real com Jesus produz alegria, gozo e não pesar como aconteceu com o jovem rico ao partir. Mc 10:21. O problema, é que ele escolheu partir sem Cristo.

Ao tempo em que o encontro do jovem com Jesus nos apresenta a necessidade de renunciar ao mundo, também aponta para a fragilidade das obras como mérito salvítico. E ainda, traz á tona um erro tão freqüente em nossos dias, mais conhecido como “evangelho da prosperidade”. Se aquele jovem adentrasse em certas igrejas do mundo moderno, sairia “feliz” por encontrar uma porta bem larga recepcionando-o como filho do reino, por cumprir à risca a lei e ter muitos recursos para ofertar. Promessas de bênçãos “choveriam” sobre sua cabeça.

A história deste jovem é semelhante a tantas outras que encontram nas riquezas a motivação para a vida. Mãos cheias e corações vazios. Ganhando o mundo e perdendo a alma: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" Lucas 12:20.

Como encontrar Jesus e não se deixar tocar por Ele? Jesus é o Senhor dos corações, no âmago da alma é o lugar que Ele almeja chegar. Somente esse “mergulho” do natural no sobrenatural, do velho para o novo, do exterior para o interior é capaz de produzir nova vida. Jesus, não invade corações, mas gentil e amorosamente aceita o convite para nele morar. E quando Ele chega é como a Luz, dissipando as trevas, o calor, aquecendo o gelo, o machado despedaçando a rigidez. Aquele jovem, não se deixou tocar, formou barreira, rejeitou a mais perfeita forma de amor. O jovem era um amante das “riquezas” e agarrava-se a elas como o bem mais precioso

“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”. Ap 12:11.

Somente em Cristo Jesus reside a Salvação, somente através do Seu sangue é possível vencer o mundo. Que essa triste história, de final infeliz, nos conduza a uma profunda reflexão sobre a vida e a morte. Que em nossos corações reine a alegria do encontro com Jesus. Ele é Rei, somos seus servos. Mas Ele nos fez herdeiros de uma viva esperança, maior e melhor que todos os tesouros terrenos. Ele nos ama, infinitamente mais que pensamos ou conhecemos. Ele quer inundar nosso coração de alegria e nos prosperar em todos os nossos caminhos. Mas, jamais podemos segui-Lo sem abraçar Sua cruz, porque foi nela que Ele nos acolheu. 

Jesus e a figueira estéril




Era manhã de segunda feira, inicio da semana em que ocorreu a paixão de Cristo. Jesus e os discípulos estavam saindo de Jerusalém em direção à cidade de Betânia, à beira do caminho e ao longe, podia se avistar uma frondosa e convidativa figueira. O evangelista Marcos sobre a árvore comenta: “A figueira não tinha senão folhas, porque não era tempo de figos” Mc 11:13.

Figueiras são muito comuns na Palestina onde se pode encontrar pelo menos três espécies da planta.
- O figo precoce que amadurece no final de Junho
-O figo de verão que amadurece em Agosto
-O figo de inverno que é maior e mais escuro e também permanece na figueira por mais tempo, chegando a ser colhido, por vezes, na primavera.

Vale lembrar que na figueira, o que aparece primeiro são os frutos e depois as folhas. Portanto, e m uma figueira com muitas folhas, seria normal encontrar frutos.  Vamos examinar o que diz os Evangelhos sobre o encontro de Jesus com a figueira infrutífera:

“No dia seguinte, quando saíram de Betânia, Jesus teve fome. E vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempos de figos. Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto. E, passando pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Mc 11:12-20”.

Mateus descreve a passagem de forma diferente  ao  que provoca certa polêmica quanto à interpretação: “ A figueira secou imediatamente, vendo isso os discípulos, admiraram-se e exclamaram: Como secou depressa a figueira!” Mt 21:19.


Teria a figueira murchado imediatamente como afirma Mateus,  ou tempos depois de Jesus ter orado decretando sua morte como diz Marcos?   Esclarecer o tempo exato em que a figueira morre, pode ser útil, mas não é o que há de mais importante na passagem. Os céticos se prendem aos dilemas de interpretação para fundamentarem suas descrenças, desprezando o contexto.  Para o crente, contudo não é a dúvida que prevalece, mas a certeza de que o milagre aconteceu na hora e no tempo certo sendo para Deus possível todas as coisas. 



Jesus poderia ter abençoado a figueira e fazê-la dar muitos frutos, mas por que escolheu o contrário? Isso é intrigante para muitos. O Mestre da vida havia ressuscitado  mortos, curado doentes, expulsado demônios e ensinado pacientemente a pecadores, por que não transformar a figueira de infrutífera para frutífera? É uma pergunta interessante para se fazer. Consequentemente a resposta nos seria ainda mais surpreendente se considerarmos alguns dos acontecimentos ocorridos naquele dia na vida de Jesus e dos discípulos.

Primeiramente, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho, Ele é aclamado pela multidão como “filho de Davi, o que veio em Nome do Senhor” Mt 11:9. Não obstante os corações cheios de fé, manifestando a chegada do Reino de Deus, estavam presentes ali os fariseus, revoltados, cheios de ódio e inveja pedindo silêncio para as crianças que louvavam a Jesus.

Depois desse acontecimento, Jesus se dirige ao templo e  expulsa os cambistas que faziam do local ponto de comércio: “  está escrito, a minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores” Mt 21:13.

Uma parada em Betfagé

Depois disso, Jesus e os discípulos seguem em direção a Betânia. Sabem qual região está situada entre Jerusalém e Betânia?  O povoado de Betfagé. Muito provavelmente foi neste local que aconteceu a morte da figueira sem frutos. Betfagé significa  “casa dos figos”  um povoado repleto de figueiras! Mas uma delas chamava à atenção porque estava à beira do caminho e se mostrava promissora quanto aos frutos, apesar de não ser tempo de frutos. A cidade das figueiras foi onde Jesus parou para “saciar a fome” Mt 21:18, mas não encontrou um figo sequer.

Assim como o templo “casa de oração” havia se transformado em covil de salteadores em demonstração de hipocrisia religiosa, a “casa dos figos” também dava demonstração de hipocrisia ao demonstrar na aparência aquilo que não era.  Assim como o templo de Jerusalém simbolizava os rituais farisaicos que externavam vaidade e desamor, sem frutificar para matar a fome dos necessitados de espírito, a figueira igualmente passava essa mensagem.

O prejuízo causado pela religiosidade dos fariseus era enorme, um sistema totalmente corrompido por interesses pessoais e distância de Deus, ao que Jesus muito criticou: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais que vós”! Mt 23:15

Aquela figueira sem frutos, mas com muitas folhas era um engano! Ela atraia os famintos, mas não saciava a fome. Verdade é que dava sombra, assim como dava sombra fazer parte do sistema religioso da época: status, regalias, fama, comodidade. Mas não bastava dar sombra, era preciso frutos, frutos!

A Benção e a maldição

“Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidares, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá; e tudo quanto pedirdes em oração crendo, recebereis” Mt 21: 21-22.

Cumpre-se nas palavras finais de Jesus junto a figueira, uma grandiosa lição sobre fé e oração. A decepção com a “casa de oração”, transformada em covil de salteadores, não era o único lugar a se recorrer para alcançar o milagre.  Não era necessário fazer parte de um sistema, de uma religião para ser ouvido por Deus. Era preciso ter fé, não duvidar, não ser hipócrita a ponto de querer demonstrar aos homens algo que não era. A mentira e a esterilidade espiritual não eram requisitos para alcançar e ser alcançado por Deus. Essa natureza deveria morrer, assim como morreu a figueira. E morrendo era necessário que surgisse um novo e sincero ser, capaz de buscar a Deus em oração para ver a transformação.

Jesus não destrói algo se não for para cumprir um objetivo maior. Essa lição está presente nos Evangelhos, na figueira morta. Ele mesmo se entregou à morte para que através desse acontecimento, houvesse vida para todos os que cressem.  E Ele fez isso sendo inocente, simplesmente por amor.  O melhor de tudo é que Ele venceu a morte, tendo ressuscitado para resgatar um povo para Seu Reino. A morte da figueira é a o que de melhor pode acontecer quando essa figueira em si é a própria morte. Uma morte que pode ser vencida pela vida de Cristo. 

Deus nos abençoe.

Jesus e a Mulher Adúltera



A passagem Bíblica que narra o encontro de Jesus com a mulher adúltera, já se inicia de maneira revolucionária: "Jesus, assentando-se, ensinava no templo" (Jo 8:2). Ele se assentava em qualquer parapeito, degrau, calçada, barco, aonde fosse e ministrava a Palavra. Enquanto isso, os fariseus disputavam o púlpito e as melhores cadeiras nas sinagogas.

Ele havia acabado de ensinar aos discípulos, estava saindo do templo e enquanto se dirige para casa, um motim se forma em Sua direção. Dezenas de homens carregam uma mulher segurando-a fortemente nos braços. Empurram, agridem verbalmente. Ela, com as vestes rasgadas, os cabelos assanhados, chora, soluça implora piedade. Teria sido a mulher, vitima de armação? Onde estaria o homem que adulterou com ela? Por que omitiam parte da lei de Moisés que previa apedrejamento para o casal?

"Também o homem que adulterar com a mulher do outro havendo adulterado com a mulher de seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" Lv 20:10

A intenção não era fazer justiça, mas punir Jesus, a mulher era uma espécie de "isca": "Na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas, Tu, pois, que dizes"? Jo 8:5. Enquanto os homens seguram pedras nas mãos, bradam por morte, Jesus se inclina para escrever na terra. Eles ficam surpresos com a atitude de Jesus. Movimentam a cabeça em dúvida enquanto olhares procuram resposta: "O que Ele está fazendo"?! Penso que o gesto de Jesus foi uma forma de dizimar a ira, calar os insultos, as muitas vozes. Jesus se inclina e eles silenciam, soltam à mulher, que em suspense aguarda o desfecho.

"Ele escrevia com o dedo na terra" Jo 8:6

Não haviam muitas pedras no lugar, O Mestre se agacha e espalha com as mãos o pó das pedras, a areia. Representantes da Lei ajuntam pedras. Jesus representante da graça se interessa pelo pó delas. Eles, a morte. Jesus, a Vida: “E formou Deus o homem do Pó da terra" (Gn 2:7). Nas mãos do carpinteiro, o pó da terra é moldado.

Jesus inaugura um novo tempo em que às pedras testificariam do Seu poder: "Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão" Lc 19:40

"Vós também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para
oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis
a Deus, por Jesus Cristo." IPe 2.5
Ao se agachar em meio à turba Jesus nos dá uma lição: "Seja um pacificador". Aquele motim de homens enfurecidos não contamina o coração de Jesus. Já não se ouve o som das muitas vozes, uns poucos homens perguntam simultâneamente: "Dize o que devemos fazer"? "Jesus endireita-se e diz: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela e tornando a inclinar-se escrevia na terra" Jo 8:7-8

Jesus escreve na terra de costas para eles. A segunda agachada de Jesus, mais uma vez transforma a situação. Obriga-os a refletir: "Saíram um a um a começar pelos mais velhos." Envergonhados, feridos na consciência, soltam as pedras ao chão. A graça não veio para condenar, mas para salvar: "Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais" Jo 8:11. A mulher profundamente agradecida sai correndo pelas ruas segurando suas vestes rasgadas.

A notícia deve ter se espalhado em Jerusalém, chegado aos ouvidos de seu marido. A Bíblia não menciona o que aconteceu com o casamento daquela mulher, mas vejo seu esposo "soltando as pedras", abraçando-a, perdoando-a. Assim creio porque Deus começou uma obra na vida dela e deve ter amparado-a em sua família.

Existem muitas lições nessa maravilhosa passagem das Escrituras, não me atrevo a enumera-las. Apenas oro para que o Espírito Santo fale aos corações revelando os mistérios da graça. Soli Deo Glória.

Baseado em João 8:1-11.

Jesus Ressuscita a Filha de Jairo




Jairo era um importante homem da sinagoga, tinha uma filha única, de apenas doze anos de idade. A menina estivera muito doente, chegando a óbito. Era costume judaico contratar lamentadores profissionais e instrumentalistas para o velório. A Bíblia diz que eles estavam presentes na casa de Jairo, no dia do luto: “E Jesus chegando a casa daquele chefe, e vendo os instrumentalistas, e o povo em alvoroço...” Mt 9:23

O popular homem em Israel, “chefe na sinagoga”, representava religiosidade, respeito, alguém que era procurado para dar conselhos e fazer preces, mas que se viu impotente diante da morte da filha. Aquela situação mexeu com o “forte” homem que tantas vezes tinha ouvido falar de Jesus, sem, contudo se render ao Seu Senhorio.

A história de Jairo é narrada em três Evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas. Uma tremenda lição de fé, que por ser contada simultaneamente ao milagre da Mulher com Fluxo de sangue, fica em segundo plano. Na verdade, era exatamente ali, que essa narrativa deveria estar. Não por acaso Jairo e a Mulher Com fluxo de Sangue, nos ensina a vencer o medo, os preconceitos e os murmurinhos da multidão.

Jairo, determinado, cheio de fé, deixa a multidão chorosa em sua casa e parte ao encontro de Jesus. O barulho dos pranteadores é alto, pode ser ouvido ao longe. Mas, o homem da sinagoga não consente a derrota, se nega a fazer parte daquele coro, procura alguém que lhe conforte, mas não encontra. Lembra de Jesus. Em algum momento, em meio a mais profunda dor, Jairo volta o coração para o alto em busca de milagre.


Sai dali apressadamente e apesar da agitação do lugar, sentem sua falta, partem em sua busca. Marcos relata que ao encontrarem com Jairo adorando Jesus, de joelhos aos seus pés dizem: “A tua filha está morta; por que enfadas mais o mestre? E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas crê somente” Mc 5:36, 37.


Vencendo os Murmurinhos do Mundo.

O que Jesus falou a Jairo, é o mesmo que fala para todos os que partem ao Seu encontro: “Não temas, crê somente”. O mundo diz o contrário: “Não tem jeito, já está morta a tua causa”. Quando nos entregamos à vontade do mundo, que urge com boca maldita, matamos o agir de Deus para nós. Porque a fé, não se baseia em vista, nem em sentimentos, mas na Palavra de Deus.

É incrível a atitude de Jairo! Ele se “desamarrou” das lisonjas daqueles que procuravam confortá-lo festejando a morte. A passagem que fala profundamente ao meu coração é: “E, logo que o povo foi posto para fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se” Mt 9:24.

Deixe Que o Povo Saia

Os lamentadores tiveram que partir para que Jesus pudesse entrar e realizar o milagre! Eles estavam impedindo o fluir do Espírito! Temos que retirar os lamentos de morte do nosso ser, da nossa boca, para que Jesus possa agir! Não há lugar para vinho novo em odres velhos! Mt 9: 17. Aquelas pessoas sorriram quando Jesus disse “A menina dorme” Mt 9:23. Corações endurecidos, homens naturais que alegravam-se com a desgraça alheia. O mundo marcha nessa direção, esse é o seu curso natural. Mas o sobrenatural está elevado, voa na direção oposta sustentado pela voz do Todo Poderoso! Jairo virou às costas para o mundo, não se importou com o que iriam pensar dele. E viveu um grande milagre!

Eram Dois na Multidão

Jairo e a Mulher Com fluxo de Sangue. Duas vidas cheias de fé, entre centenas de outras vidas incrédulas. A menina ressuscitada por Jesus tinha doze anos. A Mulher curada de uma hemorragia ,sofria também há doze anos. Eles venceram a si mesmos, quando deixaram para trás as opiniões alheias, as balburdias que conspiravam a favor da morte. Quando fecharam os ouvidos para o mundo, os corações se abriram para Deus: “O povo foi posto para fora, Jesus entrou” MT 9:24.

Se queremos transformar os ambientes de morte, fazer calar os instrumentos de pranto e os lábios inflamados pelo inferno, olhemos para Jesus: “Autor e consumador de nossa fé” Hb 12:2. Jesus, em seu momento mais terrível, quando da crucificação, experimentou os murmurinhos da multidão insana que o rejeitava. Mas, Ele prosseguiu olhando para Deus, e mesmo quando exclama “Eli, Eli, Lema Sabactâni” Deus meu Deus meu, por que me desamparaste?Mt 27:46 Não se deixa abater pelo ato de impiedade dos homens. Com uma prece intercede por eles: “Pai, perdoa-lhes não sabem o que faz” Lc 23:34.

E poderia prosseguir: Nem o que dizem, falam do que não conhecem, estão obedecendo ao Maligno. Ele não lamenta, não aceita as imposições da multidão enfurecida. Jesus era um na multidão, seu testemunho alcançou o ladrão que padecia ao seu lado. Agora eram dois também na multidão. Não são muitos os que vencem através da fé, apenas os que andam na contramão da multidão. Como Jairo, a Mulher com fluxo de Sangue, o ladrão na Cruz e o próprio Jesus que nos capacita a fazer o mesmo.

Seja você também um na multidão.

Jesus Lava os Pés dos Discípulos


"Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugar-lhes com a toalha com que estava cingido" Jo13:5

O sapato, é uma invenção bem antiga. Em 1.500 a.c (aproximadamente), já haviamregistros de que o homem, se utilizando de peles de animais, fabricava seu próprio calçado. As sandálias, contudo, sempre foram as preferidas da civilização antiga. Principalmente, as abertas e baixas. O transporte, ainda não era tão veloz e andar a pé, um costume diário.

O cenário, em Israel, não era diferente. Jesus e os discípulos, caminhavam bastante, e de sandálias. Os pés, dos antigos, facilmente se enchiam de poeira. Aos servos, cabia a humilde tarefa de lavar os pés dos visitantes e(ou), convidados de seus senhores. Uma ação, que resultava em conforto- para quem tinha os pés lavados- e em demonstração de hierarquia.

Na passagem, do Evangelho de João, Jesus, fez bem mais que um simples servo faria. Ele, enxugou os pés dos discípulos, com a mesma toalha que envolvia seu corpo. Ele se despiu, para servir. Jesus, inclinado, apenas com as vestes intimas, lavando os pés dos discípulos. Impossível não comparar a humildade do Mestre, com a arrogância e "superioridade" de alguns líderes atuais. Sequer amarrariam o cadarço do sapato de algum discípulo distraído.

"Disse-le Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo" v(8).

"Aquele que está lavado, não necessita de lavar, senão os pés, pois no mais tudo está limpo"


Intimidade, Refrigério, Santificação, Graça

Ao entregarmos a vida para jesus, todo nosso ser é restaurado. Ele, nos purifica de todo o pecado I Jo 3:3. A lavagem do espírito, foi feita na cruz. Com sangue, de puro cordeiro. Os pés, contudo, dia após dia, necessitam de "tirar a poeira". Entregar os pés para Jesus lavar, implica: Intimidade, refrigério e santificação. É a caminhada diária do cristão, sendo renovada pela comunhão.

Chama-mo-nos de Pai, Ele, nos chama de filhos. "Filho, se eu não te lavar os pés, não tens parte comigo". As mãos do Mestre, carinhosamente, limpam nossos pés: "Ele nos prepara para a jornada da vida". Favor, imerecido! Um Rei, se despindo, para lavar os pés de seus súditos! Não façamos como Pedro, que impôs distância. Levantou um muro: "Nunca, me lavarás os pés". Seria a morte. O pó, dos pés, ganhando proporçõesirremovíveis, petrificando o corpo inteiro. Uma prisão.

Altruísmo, Amor

"Ora, se Eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também, lavar os pés uns dos outros" v(14).

Mestres e servos, se igualam, ao viverem em amor. Porque o amor, é perfeito. Aprimora o ser que passa a enxergar a si mesmo, no outro.

A Quem posso lavar os pés hoje?

Lavar os pés do outro, implica, viver o Evangelho. Imitar o Mestre. Proporcionarrefrigério ao cansado. Ajudar na caminhada. Se a vida de Cristo, habita em nós, não existirá barreiras para "tirarmos a poeira" dos que nos entregam os pés. A água, é o Espírito Santo de Deus: Limpa, purifica, conduz a caminhos planos, em que pés, não se atolam. Atalhos, enganosos, dão lugar a horizontes promissores

Que a cada dia, entreguemos nossos pés ao Mestre e que nós, prossigamos, lavando os pés uns dos outros. Assim seja.

Jesus Dormindo no Barco



O dia foi cansativo. Multidões de enfermos e endemoninhados curados. De manhã, até à noite, Jesus e os discípulos pouco haviam comido ou repousado. Encerram os trabalhos e entram em um barco em direção a outra margem do lago da Galiléia. Nas cercanias do lago, também chamado de Tiberíades ou Genezaré, havia muitas cidades: Gadara, Cafarnaum, Betsaida... Para onde quer que fossem, ao desembarcarem nas margens do lago, havia pessoas esperando por eles.

Jesus exausto não resiste e dorme tão logo recosta a cabeça em uma almofada na popa do barco. Os discípulos conversam sobre as maravilhas que viram. Era tarde da noite, estavam no meio do lago, em lugar profundo quando se levanta um temporal de vento “E subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia, havia também com ele outros barquinhos” Mc 4:35, 36.

Certamente, todos os outros barcos que navegavam na Galiléia, foram atingidos pela adversidade. Não sabemos de que forma reagiram. Mas no barco de Jesus, houve desespero. Alvoroçados, acordam o Mestre: “Não se te dá que pereçamos?” Mc 4:38. Jesus dormia na popa. A popa é a secção traseira dos barcos e por razões funcionais, é onde se localiza o aparelho de manobra do leme ou da roda de leme. Jesus dormia, mas era o capitão por ali. O barco estava a seus cuidados e direção. Os discípulos ainda não haviam entendido isso. Precisaram ser corrigidos: “Por que sois tão tímidos”? Ainda não tendes fé? Mc 4:40.

Nenhuma adversidade pode ser maior que o poder de Jesus. Aquele barco, jamais iria a pique. Ele precisava chegar à outra margem. Um lugar em que a experiência com Deus, testemunharia para outras vidas. Quantos barquinhos estavam por ali naquela noite? Não se sabe. Mas os que estavam estancados nas margens não sofreram tanto. Se quisermos crescer em graça e conhecimento, é necessário “pegar um barco para outra margem”. Nesse ínterim, vai haver dor, sofrimento. Mas uma coisa é certa; Jesus estará na popa. Dormindo tranquilamente, não só porque confiamos nEle, mas porque Ele confia em nós. Já nos deu Sua palavra e tudo que temos que fazer é colocá-la em prática.

Para outra Margem

Quando Deus aporta em um coração quebrantado e sedento por servi-Lo, tem inicio um processo de busca e comunhão que não deve ser rompido, ainda que soprem ventos e fortes ondas. Haverá o tempo da colheita: “E o vento se aquietou e houve grande bonança” Mc 4:39.

José foi jogado em um “barco” como mercadoria a deriva. Vendido como escravo, caluniado e preso, chega ao posto de governador do Egito e senhor de seus irmãos. No lugar profundo, bem no meio das águas ele vivenciou a ventania, mas não desistiu: “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus”? Gn 41:38. José não guardou mágoa, rancor ou revolta contra Deus e o mundo. Ele prosseguiu acreditando que “Jesus dormia na popa do barco” e acordaria na hora certa. E o que dizer de Jó, Moisés, David, Ana, Esther, Noemi, Maria, Paulo e tantos outros que experimentaram temporais até desembarcarem na “outra margem”?

Outros Barquinhos

O lago da Galiléia é abundante em peixes, alguns barquinhos eram conduzidos por pescadores, de perto,  de longe, a perder de vista. Todos foram atingidos por ventos e ondas. Quando pensardes que sóis o único a sofrer lembre: “Havia outros barquinhos”. Jesus no comando é que faz a diferença.

Elias pensou que era o único barquinho a ser sacudido pela tempestade: “Só eu fiquei por profeta do Senhor, tem quatrocentos e cinqüenta homens atrás de mim” I Rs 18:22. Ao que Deus respondeu: “Elias, Elias, tem mais barco ai na tempestade, moço!”. Sabe o que me impressiona? È que Deus só fala isto para Elias muito depois de ouvir “só eu fiquei”. Deus não quis acabar com a exclusividade dele de imediato. Este sentimento também é comum em nós e podemos levar algum tempo até descobrirmos que o sofrimento não é uma exclusividade nossa.

O Silêncio de Deus

“Mestre não se te dá que pereçamos”? Em outras palavras: não vais fazer nada? Será que não estás vendo? Acaba logo com esse sofrimento! A reação dos discípulos é tipicamente humana e alheia ao conhecimento de Deus. É imediatista centrada nas emoções: frio, medo, barulho das águas, desconhecido.

“Ó Deus, não fiques em silêncio! Não cerres os ouvidos nem fiques impassível, ó Deus” Sl 83:1.

É importante dizer que além do processo de cura e crescimento proporcionados pelas tempestades da vida, existe também o sofrimento causado pelo pecado, pelo nosso silêncio em relação a Deus: Não nos arrependemos, confessamos, ou O obedecemos. Por tudo isso, não conseguimos ouvi-Lo. Não é que Ele tenha nos deixado, nós é que nos distanciamos de tal forma que não reconhecemos Sua voz.

Davi viveu momentos de profunda comunhão com Deus. Inspirado, criou Salmos belíssimos. Foi uma líder profeta para as nações. Mas quando mandou matar Urias para ficar com Bate-Seba experimentou o silêncio dos céus, jejuou e chorou para que o filho não morresse, mas não foi atendido: “Quem sabe se Deus se compadecerá de mim, e viverá a criança” A criança morreu (II Sm 12:22). Um barco, no meio do lago da Galiléia, sacudido pelo temporal.

Até que ele despertou Jesus com a sua adoração, arrependimento e confissão: “Tem misericórdia de mim ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias” Sl 51:1. Davi chegou à outra margem do lago e foi agraciado com o nascimento do filho Salomão – aquele que tem paz - o salmista viu no filho uma nova época em que reinaria paz, bonança.

O silêncio de Deus é algo angustiante para os que O amam, mas representa apenas uma pausa em Sua voz, um intervalo entre noite e dia, entre uma margem à outra do lago.

O Poder da Palavra

Jesus é O Verbo, A Palavra (Jo 1:1) que transformada em carne veio ao mundo para dizer aos homens que tudo é possível ao que crê (Mc 9:23). Não existe nenhum sistema, religião, filosofia ou o que quer que seja criado pelos homens que se equipare a supremacia das Escrituras. Certo homem estava com o criado doente e aproximando-se de Jesus suplicou: “Dize só uma palavra e meu criado sarará” Mt 8:8 Uma só palavra tem poder de mover o céu. Um soldado americano testemunhou para a imprensa mundial que sobreviveu a guerra e as doenças graças a sua fé em Jesus. Todos os dias eu confessava: “Maior é o que está em mim do que o que está no mundo” I João 4:4

Enquanto não agimos confiantes na Palavra, Ela dorme para nós. Se a fé vem pelo ouvir Rm 10:17, é necessário que atentemos para Ela a fim de trazer à existência aquilo que ainda não existe (Hb 11:1). O milagre, não é um mérito humano, mas Divino. Agora, o objeto do milagre, precisa está revestido de fé, é a porção divina que lhe cabe. Ou seja, o homem nada é sem a Palavra e a Palavra não opera sem a fé do homem. Deus fez dessa forma para que a Ele fosse concedida toda a glória.

Jesus Dorme

Mas tem a direção do barco. Nele podemos descansar. Se deixamos a multidão para navegar com Jesus, saibamos que certamente Ele nos levará para a outra margem. Um lugar onde a bonança será fruto do nosso crescimento e experiência com Deus. Nas águas profundas, na intensidade da comunhão, haverá dor - Ele nos molda nas revoltas águas. Ensina-nos a confiar, a perceber Sua presença ainda que silenciosa. Em qualquer situação adversa enfrentada sempre haverá “outros barquinhos”, sinalizando que você não é o único e nem está sozinho no meio do lago. Outros barquinhos podem até ir a pique ou mesmo desistir de prosseguir, mas se você está com Cristo, Ele te anima a chegar à outra margem.

Ventania espalha sementes, mobiliza sensações desagradáveis, mas é preciso acreditar que Ele tem o leme, e Sua voz chegará na hora certa para “aquietar o vento e calar as águas”. As sementes cairão em outros “barquinhos” e germinarão pela voz do Mestre. Sim, os tripulantes de outras embarcações perceberão de onde vem a poderosa voz e serão atraídos. No meio do lago, sejamos socorro. Ao desembarcar na outra margem, sejamos benção.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Eliseu faz o ferro do machado flutuar


 Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros! II Rs 2:11. Eliseu viu a manifestação de Deus em seu ministério.



E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar. E disse ele: Ide.  E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei.  E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado.  E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro.  E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou. II Reis 6:1-7


Eliseu profetizou aos Reinos do Norte de Israel: Jorão , Jeú , Jeoacaz , e Jeoás (Joás). Era filho de Safate de Abel-Meolá ,  se tornou  assistente e discípulo de Elias  -1 Reis 19:16-19 - e depois que Elias foi levado ao céu em  um redemoinho, foi aceito como o líder dos filhos de profetas. Ele possuía, de acordo com seu pedido, "uma porção dobrada" do espírito de Elias. Por sessenta anos (892-832 aC) ocupou o cargo de profeta em Israel. Seu nome significa "Meu Deus é a salvação".

A escola de profetas, funcionava na casa de Elias, um lugar pequeno e modesto que já estava apertado para tantos seguidores. Estes então  sugerem construir um outro lugar de reuniões,  próximo ao Rio Jordão. Enquanto trabalham na construção, o machado usado por um dos profetas, solta-se de suas mãos indo afundar nas águas do Jordão. Eliseu é convocado para resolver o problema e resolve: corta um pedaço de madeira, lança nas águas e o machado flutua. A passagem diz: “flutuou o ferro” o que me leva a crer que o motivo da perda do machado foi a soltura do cabo.  O destaque para o ferro também  pode ter a intenção de evidenciar o milagre: já que é impossível ferro ( sem qualquer força motriz) flutuar na água.


Segundo o entendimento que me foi dado pelo Espírito Santo, quero relacionar fatos dessa passagem com  vida e ministério cristão.




Construindo a casa

A madeira usada na construção da casa para escola de profetas,  representa o homem que necessita ser moldado para exercer o ministério: “Cada um de nós, uma viga” (6:2). Jesus disse: “ Ao vencedor, fa- lo-ei coluna no santuário do meu Deus, daí jamais sairá” (Ap 3:12 a). Contudo, para se  alcançar o estágio de ser viga e coluna é preciso se deixar moldar pelo Machado que é a Palavra de Deus. Ele corta as arestas,  esmiúça a madeira bruta para torná-la em algo útil. No livro do profeta Isaías Deus diz: “Porventura se gloriar -se-á o machado contra o que corta com ele? Ou presumirá a serra contra o que corta com ele? Como se o bordão movesse aos que o levantam ou a vara levantasse o que não é um pedaço de madeira?” Is 10:15.


Nenhum homem pode se mover por si mesmo porque de Deus vem a força e providência para o viver. Ele corta com os que cortam com Ele. Ele opera através dos que O recebem no coração e mesmo os que se mantêm alheios a Ele, recebem de Sua Palavra estarem em pé . João 19:11: “Nenhum poder terias contra mim se do alto não te fosse dado” (Jesus para Pilatos). A palavra de Deus é esse Machado a moldar madeiras para Seu ministério e também para ceifar “os troncos, as vigas” que se negam a servir de benção escolhendo o caminho do mal: “E também agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bons frutos é cortada e lançada no fogo” Mt 3:10. Aqui vemos machado como juízo de Deus.


O machado caiu na água

Por que teria caído? Faltou firmeza entre cabo e machado? O cabo teria ficado nas mãos do profeta e só o ferro teria ido parar na  água? Foi o machado inteiro (cabo e cabeça) que escapou para o rio? O fato é que em algum momento, o profeta deixou de ser instrumento de cortar. Ele parou enquanto os demais continuaram. Através da Providência Divina, e tão somente através dela, ele teve o machado de volta. Não fora a unção de Eliseu para fazer flutuar o machado, sem chances! O rio Jordão é de águas profundas e grande extensão, certamente o descuido do profeta iria acarretar um preço já que o machado era emprestado.


Em alguns momentos de nossas vidas, podemos nos encontrar como esse profeta que perdeu o machado. Distantes de Deus, sem nos deixar moldar, se negando a sermos instrumentos de benção, de trabalho para o reino. É quando perdemos a força e o vigor. “Eliseu cortou um pedaço de madeira e o lançou nas águas  e fez nadar o ferro” ( 6:6). Foi preciso que a madeira adentrasse o Jordão para que o machado flutuasse. A madeira no rio representou o restabelecimento da comunhão, o homem nascido novamente pelas águas do batismo, o homem lavado e colocado de pé após  ter  se desviado. Eliseu foi o intercessor, uma representação de Cristo Jesus que ouve o clamor dos corações e se dispõe a transformá-lo. 



Pedaço de madeira cortado, atirado nas águas do Jordão é o homem pecador, de coração quebrantado, disposto a iniciar uma nova vida pela fé em Cristo Jesus, Aquele que pode e quer “fazer o machado flutuar”.


O machado era emprestado

O Machado (Deus), molda a madeira (homem) para o serviço ministerial. Esse moldar inclui a capacitação através de dons e talentos. Cada servo de Deus recebe do que Lhe é próprio para exercer mordomia: “Cada um tem de Deus o seu próprio dom , um de uma maneira e outro de outra”I Cor 7:7. E outra vez diz apóstolo Paulo: “ ministro pelo dom da graça de Deus que me foi dado segundo a operação de seu poder” Ef 3:7. A igreja de Cristo é uma reunião de vigas que se mantêm firme pela força do Machado que trabalhou ( e trabalha) nelas de modo a capacitá-las para sustentação da casa (ministérios). O interessante disso tudo é que apesar da força cortante do machado, ele precisa de mãos para movê-lo. Deus deu ao homem esse imensurável chamado de propagar as Boas Novas do reino de Deus. De convidar seus irmãos para reunião solene, o banquete celestial preparado para os que vivem pela fé no Filho de Deus.


“Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro de que falamos; mas em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituísse sobre as obras de suas mãos” Hb 2: 5-7 . O homem (madeira) precisa está ligado ao ferro do machado (Deus). Machado sem cabo, sem mãos para operar é igual vida sem Deus: infrutífera.

Machado nas mãos de falsos profetas

É instrumento de destruição. Essa  é uma realidade. Falsos profetas se utilizam da palavra de Deus de forma inescrupulosa para beneficio próprio e acabam causando tantos males que podem ser comparados a machados cortando madeiras para serem amontoadas em fogueiras. A boa notícia é: “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos.  Jó 14:7. Ainda há esperança  para vitimas de falsos mestres, “é se deixar lançar no Jordão pelas mãos de Eliseu”.


E disse Eliseu: Levanta-te!

Então o homem estendeu a sua mão e tomou o machado (6:7). Ou glória! Comunhão restabelecida, pronto para ser instrumento de Deus nessa terra e cidadão do céu! Ele precisou ir até Eliseu para poder se levantar novamente. Jesus é o que ouve nosso pedido de socorro , homens aflitos, tal qual madeira quebrada lançada no Jordão. Ele É essa resposta que cura, acalenta, acalma e põe de pé novamente para uma nova vida.

Oro para que o Espírito Santo do Senhor tenha lhe falado através dessa ministração envolvendo o profeta Eliseu, um servo que foi um com Deus para cortar afiadamente na sociedade de sua época, influenciando nações e mesmo depois de morto, ainda contribuiu para trazer de volta a vida um cadáver que caíra em sua sepultura: “E caiu um homem morto na sepultura de Eliseu e tocando ele em seus ossos, reviveu e se levantou sobre seus pés” II Rs 13:21. O machado continuou cortando, operando através da vida do profeta, instrumento de Deus que firmou as mãos e se entregou  ao Carpinteiro Jesus para ser madeira excelente.