DEUS É FIEL

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sobre o tempo e as linhas, armadilhas do Facebook



“A ilusão nos engana justamente fazendo-nos passar por uma percepção autêntica.” 
 Merleau-Ponty    


Existe uma geração vivendo de ilusão. A ilusão de que  a vida pode ser a sobrevida, a câmara secreta descrita pelo profeta Ezequiel: Por fora um templo de glória. Nas recâmeras, buracos profundos, revestidos de imagens de deuses no qual se prostram multidões (Ezequiel 8:1-18). Assim descrevo as redes sociais com todas as suas mazelas, mas onde cada um procura transmitir uma imagem bela e boa. Por esse motivo, abandonei o Facebook. Para não ser tragada pela vaidade, para me sentir mais perto de Deus e mais produtiva no dia a dia. É estranho que eu tenha demorado a perceber que a ideologia da rede social Facebook é uma teia de valores truncados e aliados a corpolatria, egocentrismo e consumo absurdo de seu precioso tempo.  Fato é que alcancei um perfil lotado e divulgar o blog através  do Face, me rendia aumento diário no número de visitas. Mas auge e tragédia se unem nas grandes proporções numéricas quando o assunto é: Facebook ou qualquer outra rede social. Amigos não são amigos e muita audiência pode significar que você está na direção errada. Você pode até está publicando um conteúdo que agrade,  cristão e coerente, mas se o faz  com  objetivo de “ter muitas curtidas” já está pecando. A vaidade já tomou conta do  coração. A ilusão se legitimou porque “o engano se fez passar por uma percepção autêntica”, de evangelismo, bondade ou outros sentimentos “bons e perfeitos” como todos que passeiam nas linhas do tempo do: Facebook. 


O Evangelho não tem pretensão de alcançar popularidade, mas vidas: famintas por justiça, consolo, por outras vidas despedaçadas, ávidas por serem restauradas. A internet é mesmo uma benção como meio de evangelizar, mas acredito que muitas vidas estão se perdendo pelo excesso, pelo vício.  E ainda que essa mensagem encontre opositores, defensores de uma conexão virtual em tempo integral, estou convicta de que ter sucesso nas redes sóciais  pode representar um abismo. Primeiramente porque para manter o status de popularidade a pessoa terá que investir boa ou grande parte do seu tempo atualizando informações. Se você não é popstar com assessoria de comunicação, então, terá que bancar todo o trabalho e isso consumirá não apenas tempo, mas desgaste físico, mental e espiritual.  È o meu caso, pois não sou pop, nem star, e bancar sozinha a manutenção de páginas no Facebook, estava me  consumindo. Parei e pensei: Para onde estou indo? Quero de volta meu tempo em estudo da Palavra, em oração, em passear de mãos dadas com meu esposo à tardinha em caminhada pelos parques da cidade, conversar demoradamente, tomar sorvete de abacaxi com limão saboreando-o lentamente,  com pausas para risos e planos para o futuro... quero viver, de coisas simples e belas e não de Facebook que exibe uma “beleza plastificada” que esconde a essência da alma.  Escolho a modéstia das horas em anonimato com Deus, com a família, com meus alunos que por sinal, veneram o Facebook. E vejo quanto  mal isso faz para eles que desperdiçam aulas e horas entrando e saindo da sala para acessarem: o Facebook. 




Ao criticar certa vez o Facebook , me replicaram: “Não demonize o Facebook, não são os objetos que corrompem as pessoas, as pessoas que se deixam corromper pelos objetos”. Beleza de argumento. O problema é que certos objetos foram feitos para corromper e ao entrarem em contato com as pessoas elas são corrompidas, pela escolha do objeto. Facebook virou sinônimo de droga que vicia e quem é capaz de consumir alguma droga e não ser afetado pelos efeitos que ela produz? O objeto droga é uma droga. Para não exagerar ou generalizar, reconheço que algumas pessoas usam as redes sociais de forma moderada e que elas são eficazes na divulgação de conteúdo como: evangelização, campanhas sociais, protestos e etc.  Algumas drogas são usadas como medicamentos e salvam vidas, na dose certa. Assim, digo que existe o lado bom e o lado mau das redes sociais como: o Facebook. Não quero transformar meu desabafo em regra, em teoria.  Penso, porém, que hipocrisia e vaidade são rotina no ambiente virtual do Facebook. A fotografia de uma garota seminua ou fazendo “caras e bocas” pode alcançar a incrível marca de 300 curtidas em questão de segundos , o mesmo não acontece com um artigo sobre “namoro consagrado ao Senhor”, é... o mundo virtual tal qual o real. Navegar meia hora pelo Facebook estava me fazendo tremendo mau,  meu espírito entristecia e por tudo que via e pensava me sentia distante de Deus.  Não tenho vocação para me exibir em poses e mais poses, não pretendo tornar minha vida pessoal pública, gosto de privacidade. Gosto de escrever e publicar sob a direção do Espírito Santo e não para  “ser curtida”. Enfim, escolho investir tempo e esforço naquilo que agrade a Deus e me proporcione crescimento e felicidade. 


Agradeço aos muitos leitores que me adicionaram via Facebook, acompanharam e comentaram as publicações na página Tenda na Rocha. Também aos que lotaram meu perfil com solicitações de amizade. Mas precisei mudar de direção e repensar a vida. Porque se agente não parar para viver, qualquer hora a vida irá nos parar por sofrer. Quero que Deus mantenha acessa em mim, a chama do Espírito Santo, I Tessalonisenses 5:19-23 diz: “ Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” Essa é minha oração. Sou falha e frágil, imperfeita e sujeita a erros, mas preciso lutar contra a natureza pecaminosa e tudo que me afaste de Deus. O Senhor é a força dos fracos é aqui que me acho, dependente de um amor que me atrai em gratidão e constrangimento de receber a graça e os mistérios escondidos em Cristo Jesus para viver de forma que agrade a Esse que me salvou.


Facebook é porta larga. Em suas recâmeras secretas habita o mal: prostituição, traição, idolatria, luxúria, vaidade, mentiras, anonimatos perniciosos, popularidades, sensualidade e etc. O mundo tridimensional também tem tudo isso, mas não se acessa apenas com um click no mouse, ou um toque no teclado e  com as nuances de mil máscaras ocultadas pela distância. Sim, é preciso que algum bem paire nesse ambiente, o evangelismo é necessário no Facebook, mas vejo que muitos estão se contaminando sem perceberem, sob o pretexto de uma boa causa. Escolho a porta estreita, o manter distância: "Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão." Lucas 13:24. Porque o caminho para a porta do céu, se inicia bem aqui nessa terra.

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