DEUS É FIEL

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A coruja nas ruínas - Salmo 102

Sou como a coruja das ruínas...Salmo 102:6



A coruja das ruínas

Esse animal de hábitos noturnos não é acostumado a viver em bandos, é sempre solitário e caça seu alimento enquanto a cidade dorme. Gosta de deitar-se entre as ruínas, paredes velhas, locais abandonados e faz um barulho triste semelhante ao gemido. Vejam o que nos diz Sofonias 2:13,14: “Farei de Nínive uma desolação, um deserto e alojar-se-ão nos seus capitéis tanto o pelicano como a coruja; a voz dessas aves retinirá nas janelas”. Na solidão e nas ruínas habita e geme a coruja e esse fúnebre movimento garante seu alimento, sua existência. E ao raiar do dia, a ave se recolhe para dormir em silêncio. 

Pode-se imaginar a intensidade da angústia de Davi. Parecia que o festejar da vida e da alegria estava no passado e havia desmoronado. Considerando o tom profético e inspirado dos Salmos, podemos afirmar que esse momento coruja nas ruínas  é também messiânico. Jesus, abandonado por todos, capturado como uma ave em armadilha, seguiu para a crucificação. Em gemido, espancado e humilhado, Ele olha para um mundo desolado e arruinado pelo pecado. Mas Ele seguiu até que a marcha fúnebre fosse transformada em júbilo, por Sua ressurreição! E Davi também prosseguiu orando até sentir a presença de Deus o confortando. E nós devemos prosseguir na certeza de que pelo caminho seremos curados.

A coruja me faz lembrar de Ana, mãe de Samuel. Em ruínas, foi até a igreja, o templo de Siló buscar conforto. E seu gemido, ao ser ouvido por Eli, assombrou-o: “Estás bêbada? Por que não escuto palavras de sua boca?” I Sm 13,14 e ela responde: “ Não senhor meu, Eu sou mulher atribulada de espírito, não bebi vinho ou qualquer bebida forte, mas estou a me derramar perante o Senhor” I Sm 13:15. Desolada, solitária, se refugiando em Deus e sendo consolada. Deus ouviu a Ana, coruja nas ruínas; atendeu sua oração. O que fazer quando não se tem mais o que fazer? O que nunca deveria deixar de ser feito: buscar a Deus, se derramar perante Ele.

Nas ruínas, na solidão, na casa do luto, poderemos sentir a dimensão de quem somos e do quanto são voláteis os relacionamentos sociais e o status quo de cada um. Em um momento, tudo pode desmoronar. Questão de segundo, quem sabe dias, meses, anos, porque eterno mesmo só o espírito e Aquele que nos criou. A coruja nas ruínas nos ensina sobre manter a fé e o alvo em Cristo porque a vida pode ser repleta de vaidades que se esvaem: velhice,  doença, solidão,  e ninguém está  distante dessas coisas. É interessante relacionar outros aspectos da vida da coruja com o texto do Salmo 102: pela mobilidade formidável da cabeça que gira em todas as direções e a disposição dos olhos, é quase impossível essa ave perder uma presa sob seu alvo.



Os gregos observaram que por toda sobriedade da coruja, ela merecia ser símbolo da sabedoria. E a solidão e as ruínas, de fato, podem nos ensinar bem mais que a alegria e as multidões:  Eclesiastes 7:2 "É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério!”. Davi estava na casa do luto, Ana esteve lá e Jesus  Cristo nos resgatou eternamente desse lugar, aleluia! Mas precisou passar por ele.

Você sabia que muitas corujas são capturadas em igrejas? Não se tem certeza se o que buscam é o azeite ou os insetos que circulam o azeite, mas esse é o maior atrativo para elas. Apesar de terem vida noturna, as corujas também são atraídas pela luz, de lugares solitários. É curioso esses fatos e se os compararmos a oração de Davi, veremos que podemos aprender com as corujas: buscar luz e azeite constantemente, ou melhor, conservarmos a luz e o azeite, símbolos do Espírito Santo (Êx 30:25) em nossas vidas. Para que na alegria e na tristeza estejamos firmes na fé, no relacionamento com Deus e com o próximo. Sem perder o alvo de uma vida com Cristo.

Por muitas vezes estive como coruja nas ruínas e muitas vezes, Deus ergueu as ruínas, do monturo, fez obras maiores e melhores: "O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para fazê-lo assentar entre os príncipes, para fazê-lo herdar o trono de glória...(1 Sm. 2.7,8). Não há sofrimento na terra que o céu não possa curar, não há ruínas que o Senhor não possa levantar, não há dias claros que a coruja não possa contemplar.

Deus o abençoe.

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