DEUS É FIEL

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A coruja nas ruínas - Salmo 102

Sou como a coruja das ruínas...Salmo 102:6



Em  momento de solidão e tristeza, doente e reflexivo, Davi no Salmo 102 se compara a coruja das ruínas. Uma canção triste, extraída de lábios desanimados e corpo sofrido, mas de um espírito que procurava não ser vencido pela situação. Você já se sentiu assim, quase sem forças para orar? Ás vezes estamos tão abatidos que oramos em pensamento, em gemidos e até  em canções, como Davi. Uma canção de lamento, terminada em louvor em demonstração de fé, ao final do Salmo ele diz : “Os filhos de teus servos habitarão seguros, e diante de Ti se estabelecerá a sua descendência” ( Sl 102:28). E aqui já nos chega uma lição: O louvor traz  refrigério, anima a alma.


A coruja das ruínas

Esse animal de hábitos noturnos não é acostumado a viver em bandos, é sempre solitário e caça seu alimento enquanto a cidade dorme. Gosta de deitar-se entre as ruínas, paredes velhas, locais abandonados e faz um barulho triste semelhante ao gemido. Vejam o que nos diz Sofonias 2:13,14: “Farei de Nínive uma desolação, um deserto e alojar-se-ão nos seus capitéis tanto o pelicano como a coruja; a voz dessas aves retinirá nas janelas”. Na solidão e nas ruínas habita e geme a coruja e esse fúnebre movimento garante seu alimento, sua existência. E ao raiar do dia, a ave se recolhe para dormir em silêncio. 

Pode-se imaginar a intensidade da angústia de Davi. Parecia que o festejar da vida e da alegria estava no passado e havia desmoronado. Considerando o tom profético e inspirado dos Salmos, podemos afirmar que esse momento coruja nas ruínas  é também messiânico. Jesus, abandonado por todos, capturado como uma ave em armadilha, seguiu para a crucificação. Em gemido, espancado e humilhado, Ele olha para um mundo desolado e arruinado pelo pecado. Mas Ele seguiu até que a marcha fúnebre fosse transformada em júbilo, por Sua ressurreição! E Davi também prosseguiu orando até sentir a presença de Deus o confortando. E nós devemos prosseguir na certeza de que pelo caminho seremos curados.

A coruja me faz lembrar de Ana, mãe de Samuel. Em ruínas, foi até a igreja, o templo de Siló buscar conforto. E seu gemido, ao ser ouvido por Eli, assombrou-o: “Estás bêbada? Por que não escuto palavras de sua boca?” I Sm 13,14 e ela responde: “ Não senhor meu, Eu sou mulher atribulada de espírito, não bebi vinho ou qualquer bebida forte, mas estou a me derramar perante o Senhor” I Sm 13:15. Desolada, solitária, se refugiando em Deus e sendo consolada. Deus ouviu a Ana, coruja nas ruínas; atendeu sua oração. O que fazer quando não se tem mais o que fazer? O que nunca deveria deixar de ser feito: buscar a Deus, se derramar perante Ele.

Nas ruínas, na solidão, na casa do luto, poderemos sentir a dimensão de quem somos e do quanto são voláteis os relacionamentos sociais e o status quo de cada um. Em um momento, tudo pode desmoronar. Questão de segundo, quem sabe dias, meses, anos, porque eterno mesmo só o espírito e Aquele que nos criou. A coruja nas ruínas nos ensina sobre manter a fé e o alvo em Cristo porque a vida pode ser repleta de vaidades que se esvaem: velhice,  doença, solidão,  e ninguém está  distante dessas coisas. É interessante relacionar outros aspectos da vida da coruja com o texto do Salmo 102: pela mobilidade formidável da cabeça que gira em todas as direções e a disposição dos olhos, é quase impossível essa ave perder uma presa sob seu alvo.



Os gregos observaram que por toda sobriedade da coruja, ela merecia ser símbolo da sabedoria. E a solidão e as ruínas, de fato, podem nos ensinar bem mais que a alegria e as multidões:  Eclesiastes 7:2 "É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério!”. Davi estava na casa do luto, Ana esteve lá e Jesus  Cristo nos resgatou eternamente desse lugar, aleluia! Mas precisou passar por ele.

Você sabia que muitas corujas são capturadas em igrejas? Não se tem certeza se o que buscam é o azeite ou os insetos que circulam o azeite, mas esse é o maior atrativo para elas. Apesar de terem vida noturna, as corujas também são atraídas pela luz, de lugares solitários. É curioso esses fatos e se os compararmos a oração de Davi, veremos que podemos aprender com as corujas: buscar luz e azeite constantemente, ou melhor, conservarmos a luz e o azeite, símbolos do Espírito Santo (Êx 30:25) em nossas vidas. Para que na alegria e na tristeza estejamos firmes na fé, no relacionamento com Deus e com o próximo. Sem perder o alvo de uma vida com Cristo.

Por muitas vezes estive como coruja nas ruínas e muitas vezes, Deus ergueu as ruínas, do monturo, fez obras maiores e melhores: "O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para fazê-lo assentar entre os príncipes, para fazê-lo herdar o trono de glória...(1 Sm. 2.7,8). Não há sofrimento na terra que o céu não possa curar, não há ruínas que o Senhor não possa levantar, não há dias claros que a coruja não possa contemplar.

Deus o abençoe.

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