Vivemos em um contexto de guerra e não de paz. As notícias mais proclamadas em nossos jornais são as que remetem a atos de violência, de total falta de paz. É isso que vemos realmente nas ruas. Uma olhada no trânsito, na política, nos relacionamentos de nossa sociedade nos fará ver que as pessoas estão cada vez mais propensas à falta de paz e não à paz. Todos os recordes de falta de paz têm sido batidos ano após ano em uma escalada crescente de violências de todos os tipos. Esse é o contexto em que vivemos.
E a igreja? Infelizmente muitas vezes a falta de paz também adentra e atinge as relações dos servos de Deus entre si. Contendas, fofocas, discórdias, facções, gritarias, críticas destrutivas, ofensas, calúnias, partidarismos, egoísmos, etc. Todas essas coisas penetram em meio à igreja e destroem a sua paz pouco a pouco. O mais terrível disso tudo é que muitas dessas coisas são promovidas justamente por aqueles que deveriam rejeitá-las, obedecendo às ordens do Mestre.
É um contexto complicado esse nosso, não é mesmo? Mas não é um contexto tão diferente assim do que viveram os discípulos de Jesus Cristo cerca de mais de 2000 anos atrás. E nessa época, por ocasião do sermão do monte, quando se assentou para ensinar seus discípulos, Jesus disse algo surpreendente a eles: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5. 9).
O que é surpreendente nas palavras de Jesus é que ele quebra os paradigmas daquilo que é instintivo a nós: revidar violência com mais violência. Aqueles que quisessem ser discípulos de Jesus deveriam diferentes!
A palavra “pacificador” nos originais em grego é “eirenopoios” e nos remete a uma pessoa pacífica, que ama a paz e trabalha para construí-la. Jesus estava chamando seus discípulos a, primeiro, amar a paz; segundo, a promovê-la mesmo num contexto em que ela não é amada. Um desafio, certamente, de muito trabalho!
Mas a profundidade do ensino de Cristo não termina por aqui.
Os pacificadores serão pessoas felizes (bem-aventurados). Sabemos que essa felicidade não é aquela passageira como um sorriso provocado por algo engraçado, mas aquela duradoura que vem de Deus, que vem da fonte suprema e transbordante e que não nos pode ser roubada nem pela violência do mundo e nem pelas decepções. Vemos essa felicidade expressada, por exemplo, por Paulo e Silas, quando cantavam louvores, mesmo depois de terem sido duramente castigados e presos por pregarem sobre Jesus (At 16.25). Não os vemos reclamando ou provocando mais violência, mas louvando. Que exemplo de servos de Deus promovendo a paz!
Jesus diz que os pacificadores serão chamados filhos de Deus. Por quê? Vemos aqui algo tremendo. Deus será identificado como Pai daqueles que promovem a verdadeira paz. Eles não precisarão nem falar que são filhos de Deus, as pessoas verão! Essa é uma grande e poderosa pregação do evangelho! Quando somos promotores da paz onde quer que estejamos, somos identificados como sendo de Deus, glorificamos o Pai, que também age através de nós com o poder da promoção da paz na vida das pessoas.
É justamente assim que Deus espera que seus discípulos ajam. Seja em suas casas, nos lugares que frequentam, nas ruas, na igreja.
Se você é um filho de Deus, necessariamente você não deve ser um destruidor da paz!
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